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A força que vinha das espadas e armaduras
 
Nas palavras do Xogun Tokugawa Leyasu, a espada era “a alma do Samurai”. Por aí, já é possível ter uma ideia do que significava esta peça para os guerreiros, tanto que a espada e o Samurai são conceitos inseparáveis não só no imaginário das pessoas, mas também nos relatos históricos.

Como o Katana (espada) era a alma do Samurai, acreditava-se que se a alma não fosse disciplinada, a arma também não seria. Assim, quem queria dominar a arte da espada teria que conhecer a si próprio e controlar o seu espírito. Ou seja, procurar desenvolver o autocontrole, a coragem, a audácia, a perseverança. Desta crença, surgiram algumas lendas, como a de que a espada ganhava a personalidade de seu dono, se usada para matar, iria ter cada vez mais sede de matança; caso fosse utilizada para fazer justiça, não iria cometer erros.


Mas existia um mito em torno desta arma milenar que explicava de forma mais abrangente a aura de poder e status que a rodeava: a espada teria sido dada pelo Deus do Sol, Amaterasu Omikarni, ao seu neto, Ninigi-No Mikoto, quando este fora enviado para reinar na terra. Por isso, quando um governante era empossado, ele também recebia uma espada.


Os tesouros dos guerreiros

Os Samurais portavam duas espadas: uma longa, Katana, que variava entre 60 e 90 centímetros de comprimento e era usada em ambientes abertos; e uma menor Wakizashi, que tinha entre 30 e 60 centímetros e era usada também em ambientes fechados. O porte desse par de espadas (Dai-Sho) na cintura representava o status máximo dos Samurais e simbolizava o orgulho e o emblema do guerreiro. Este orgulho era justificado de duas maneiras: a realização da arte de se fazer a espada e a façanha da luta com o artefato. Havia ainda uma terceira arma: o Tanto, uma faca fina que ficava escondida e era usada só em emergências. As espadas forjadas (feitas na forja – forno onde o ferro é aquecido para depois ser moldado) dos primeiros séculos são um tesouro sem preço para colecionadores. Acredita-se que a forma e o método de construção da arma dos Samurais foram firmados por volta do ano 700 por Amakuni. Mas foi somente perto do ano 900 que Yasutsuna passou a forjar excelentes espadas, definindo um padrão de qualidade que pouco mudou.



História

As espadas mais velhas registradas no Japão datam do século 2 e foram enviadas como um presente à rainha Himeko da China durante a dinastia Wei no ano 240. Em 280, muitas armas feitas de ferro foram importadas da China para o Japão.

Mas e o aço, material tradicionalmente usado para fazer as peças nipônicas? Acredita-se que a arte de forjar uma espada de aço veio da China e da Coréia, mas os detalhes são desconhecidos. Sabe-se apenas que as armas de aço do século 5 já eram feitas no Japão, mas ainda com fortes influências chinesas, e que havia uma do tipo reto, com corte só de um lado, que era chamada de Chokuto. A era da espada reta durou até o início do século 9, quando o estilo predominante de lutar mudou. Não se guerreava mais a pé e, sim, a cavalo e, para montar no animal e duelar, tornou-se necessário mudar o formato das espadas. Assim, elas foram ficando mais afiadas, longas e curvadas, com uma base mais larga e forte até chegar a uma ponta bem fina. As espadas dessa época são chamadas de Tachi e representavam a categoria das antigas espadas chamadas Koto (espada antiga).

Conforme as espadas foram deixando de ser retas e tornando-se mais curvas, passaram a adquirir, digamos assim, uma identidade mais japonesa, deixando um pouco de lado os modelos chineses. Por isso, o termo Nippon-To ou Nihon-To, que significa literalmente “espada japonesa”, é reservado geralmente às armas com curvatura, que surgiram durante o período Heian (794-1184), quando houve um grande avanço das técnicas do trabalho com o metal no Japão.
 
Nesta época, foi criado o método de forjar uma espada com a superfície exterior dura e o núcleo macio e as peças passaram a receber inscrições derivadas de motivos budistas, o que mostra uma forte ligação do trabalho do cuteleiro com a religião. Além disso, tornou-se habitual assinar as lâminas. O Tachi mais velho com o nome do cuteleiro gravado data de 1159 foi feito por Namihira Yukimase.

Mais tarde, com o início do Xogunato de Kamakura (1184-1333), a cidade homônima transformou-se numa espécie de “capital cultural” e os cuteleiros de todo o país mudaram-se para lá.

Um dos mais famosos, Masamune, tornou-se um dos mestres do estilo Soshu, que se caracterizava por produzir peças mais ostensivas. Essa “sofisticação” das espadas coincidiu com o começo da soberania da classe dos Samurais sobre os outros guerreiros e com o surgimento de mais um modelo de espada, o Tanto, que era pequeno e foi desenvolvido para ser utilizado com apenas uma mão, em lutas corpo a corpo.

Alguns anos depois, aconteceram duas invasões mongóis (1274 e 1281) comandadas por Kublai Khan. O encontro com as armas e as táticas dos mongóis demonstrou algumas fraquezas do Tachi, como o fato dele não poder ser reparado após ter sido quebrado. Mas a evolução das espadas japonesas tomou novo impulso só com a Restauração de Kemmu, que foi marcada pela Guerra das Duas Cortes. Esta guerra acabou elevando a necessidade das espadas e, como os soldados voltaram a lutar a pé, foi criada uma peça mais longa, chamada de Odachi ou Nodachi, para segurada pelas duas mãos. Algumas destas espadas tinham as lâminas bem longas, medindo de 1,2 a 1,5 metro e muitas delas, mais tarde, foram encurtadas e usadas com Katana (a clássica arma dos Samurais). No Xogunato de Muromachi, as batalhas entre as cortes norte e sul continuaram e, depois de um curto período de paz, teve início a chamada rebelião de Onin em 1467. Isso fez com que o país inteiro ficasse em um estado constante de guerra por longos e duradouros 100 anos. Consequentemente, as espadas tornavam-se cada vez mais importantes e alvo de modificações e aprimoramentos. Em relação a este período, elas podem ser divididas em três grupos:

Primeiro período do Muromachi

Nesta época dos feudos em guerra, enquanto os exércitos cresciam, os soldados a cavalo tornavam-se mais raros e a força principal vinha dos soldados Samurais que combatiam a pé. Assim, surgiram os Katanas, com lâminas mais curtas, medindo entre 69 e 72 centímetros e, portanto, mais fáceis de carregar e mais rápidos para sacar.


Período médio do Muromachi

Enquanto a mobilidade das tropas se tornou estrategicamente mais importante, as espadas começaram a ficar ainda mais curtas. A maioria feita neste período tinha de 60 a 65 centímetros de comprimento, com a lâmina em largura uniforme. Este foi o auge do Katana, que se caracteriza por ser relativamente curto, carregado dentro da correia com a borda de corte para cima.

No entanto, a necessidade crescente de espadas fez  com que caísse o padrão de qualidade, pois as peças passaram a ser produzidas em massa (Kazuchi foi o termo usado nestas armas), tanto que cerca de 100 mil espadas foram exportadas para a dinastia Ming da China.


Último período Muromachi

Em 1543, as características das guerras no Japão mudaram para sempre. Neste ano, os portugueses introduziram as primeiras armas de fogo que, mesmo não sendo tão eficientes na época, causaram grande efeito nas batalhas. Um dos maiores generais do período, Nobunaga Oda, por exemplo, usou-as na batalha pela reunificação do Japão.


A arte de confeccionar espadas

Os mestres-espadeiros, geralmente, faziam parte de famílias que se dedicam à arte há séculos, pois este ofício era tido como sagrado e o cuteleiro deveria colocar seus sentimentos e energia quando fazia uma espada. Os atos de dobrar o aço para forjá-la, martelar, imergir o aço na água sucessivas vezes e, depois, afiar a lâmina eram mais do que um simples trabalho, simbolizavam quase um ato religioso.

A relação entre o artesão e sua obra era realmente algo que transcendia a atividade, tanto que existe uma lenda relacionada ao espírito do cuteleiro que era colocado nas fibras do aço: o mais famoso armeiro japonês foi Massamune, conhecido pelo seu espírito bom, pois sempre que podia ajudava as pessoas de seu vilarejo. Ele via suas obras como objetos artísticos e instrumentos para a busca da paz. Já seu melhor discípulo, Muramasa, que, apesar de aprender toda a técnica e arte, possuía um espírito ruim, foi excluído da atividade. Conta-se que ao colocar duas espadas, uma de Massamune e outra de Muramasa em um regato (quando folhas são jogadas na água), as folhas eram atraídas para a lâmina da primeira e repelidas pela da segunda. E isso era relacionado ao sentimento ruim que Meramasa colocava em suas lâminas.

Hoje em dia, a confecção de uma espada leva em torno de duas semanas e a lâmina deve ser afiada o suficiente para cortar a seda. O trabalho do cuteleiro continua muito valorizado, pois uma boa peça chega a custar US$ 50 mil no mercado de colecionadores.



A denominação das espadas

Os nomes mudam conforme o período ao qual as peças pertencem:

- Jokoto (espadas antigas) - Ano 795
- Koto (espadas velhas) - Ano 795 a 1596
- Shinto (espadas novas) - Ano 1596 a 1624
- Shinshinto (mais novas espadas) - Ano 1624 a 1876
- Gendaito (espadas contemporâneas) - Ano de 1876 a 1953
- Shinshakuto (espadas modernas) - Ano 1953 até hoje




Outras armas



Boken ou Bokuto


Durante os treinos, os Samurais usavam uma espada de madeira com cerca de 97 centímetros de comprimento. Apesar de não ser feito de metal, o Boken também pode machucar. Uma pancada causa muita dor e pode ser fatal.






Yumi



Arco japonês feito de bambu (material que, na filosofia oriental, simboliza harmonia). Depois das espadas, eram as armas mais utilizadas pelos Samurais que começavam a aprender a atirar flechas ainda na infância.






Jo


Bastão leve de madeira resistente com 1 metro e 28 centímetros de comprimento que era usado tanto nos treinamentos quanto em combates reais.






Naginata ou alabarda


Com aproximadamente 2,5 metros de comprimento, o lado curvo representa uma lâmina e era usada para cortar e estocar.






Yari


Lança com cerca de 2,90 metros de comprimento, que era manejada com movimento de torção e estocadas.






Kodachi


Espada curta de 54,9 centímetros de comprimento, era a segunda arma do Samurai e, portada na mão esquerda, era usada sozinha ou junto com a espada longa (Katana).







Jitte ou Jutte


Literalmente significa “a força das dez mãos”. A arma servia para desarmar o oponente com ataques feitos com espadas e era utilizada pelos policiais japoneses feudais, os Doshin. Munisai Hirata, pai de Miyamoto Musashi, desenvolveu a arte marcial no qual se usava o Jitte, lança e duas espadas.


Era Edo

Aqui começou o governo de Tokugawa e, neste período, apesar das armas de fogo já fazerem parte do armamento dos exércitos, as espadas continuaram a ser produzidas e de forma ainda mais refinada, pois a matéria-prima ficou mais fácil de ser encontrada e os cuteleiros passaram a trocar mais experiências, pois deixaram de ficar fixos em uma localidade e começaram a seguir com os exércitos.

A diferença entre as espadas produzidas no período Edo e nos anteriores era tão grande que as pessoas classificavam em “antigas espadas”, as que vieram antes, e “novas espadas”, as que passaram a ser feitas a partir de então.

Só que esta fase de “bons ventos” não durou muito, pois com a unificação interna do Japão, foi instituída uma lei proibindo os Samurais de possuírem espadas. Além disso, a inflação e a queda na qualidade do aço produzindo fizeram com que as espadas ficassem piores.


Tempos modernos

A partir de 1868, quando o Xogunato de Tokugawa finalmente caiu, o imperador Meiji reestruturou o poder, concentrando-o no trono e não mais nos feudos, e os Samurais perderam sua importância e privilégios, como o de carregar o Daisho.

Depois do declínio da classe e de sua extinção, os cuteleiros tiveram que encontrar outra forma de renda. No entanto, as espadas ainda voltaram a ser fabricadas em massa até que foram proibidas pelos norte-americanos, depois da Segunda Guerra Mundial, quando milhares de peças foram confeccionadas e destruídas.

Parecia o fim da arte de confeccionar espadas, exceto por algumas peças feitas exclusivamente para rituais e ocasiões públicas. Mas, após 1953, quando os norte-americanos deixaram o Japão, a produção de espadas tornou-se legal novamente. Havia ainda mestres vivos que ensinavam as gerações seguintes e o ofício ressurgiu com força total na década de 80, pois o interesse por essas armas como objetos de arte começou a crescer.

Ainda hoje há cuteleiros no Japão que trabalham fazendo espadas de forma artesanal, com a mesma qualidade e beleza que eram produzidos nos áureos tempos dos Samurais, só que esta atividade é controlada pelo governo e o número de espadas fabricadas por cada cuteleiro é limitada. Além disso, os aprendizes devem comprovar um número mínimo de anos de aprendizado com um professor licenciado para poder exercer a profissão.


Armaduras dos Samurais

Assim como as espadas, as armaduras também eram bastante importantes nos combates, tanto que havia muitos detalhes que compunham uma armadura típica dos Samurais e elas sofriam mudanças conforme o período histórico, o clã e a classe do Samurai. As mais pesadas chegaram a marcar 40Kg, mas só eram usadas para batalhas quando os guerreiros montavam a cavalo. O samurai comum usava um manto sobre a armadura (que no início era de ferro) chamado Hitatare e brasões que vinham estampados na indumentária e serviam para distinguir a que clã pertencia o guerreiro. Um dos aspectos mais interessantes eram os capacetes ou elmos. Eles tinham vários formatos, alguns em forma de monstros ou estranhas criaturas, o que deve uma aparência ainda mais assustadora.
 
Por volta do século 12, os japoneses adotaram uma armadura formada de placas laqueadas umas sobre as outras, que era feita com chapas de aço atadas com cordões de seda ou de couro.

E como uma indumentária feita só de ferro era muito pesada para usar, este material ficava concentrado somente na parte que exigia mais proteção e, mesmo assim, era alternado com couro. Isso tudo para diminuir o peso, pois uma clássica armadura proporcionava grande proteção, mas pesava em torno de 30Kg, o que era muito desvantajoso numa batalha, já que não dava flexibilidade, principalmente, quando se lutava a pé.

O Do formava o corpo da armadura e era dividido em duas placas largas, para os ombros (Sode), que eram fechadas na parte de trás por um arco chamado Agemaki, que permitia livres movimentos enquanto o corpo se mantinha completamente protegido.

O capacete era, geralmente, feito de 8 a 12 lâminas. A aba, o Mabishashi, era preso firmemente na frente e coberto por couro. Já o pescoço era protegido por pedaços pesados de lâmina chamados Shikoro. Normalmente, o gorro (Eboshi) era usado por baixo do capacete, mas se o Samurai tivesse o cabelo muito comprido, o rabo de cavalo (Motodori) podia ser passado através do Tehen, um orifício no capacete.

Alguns desenhos antigos mostram Samurais usando uma máscara primitiva chamada Happuri, que cobria somente as bochechas e a testa. Nenhuma armadura era usada no braço direito, para deixa-lo livre para sacar o arco, e, no braço esquerdo era utilizada apenas uma manga com lâminas costuradas.

Como um Samurai de elite, os soldados que lutavam a pé tinham que se contentar com uma indumentária mais simples chamada Do Maru, um tipo de manto para o corpo, que era mais parecido com uma armadura curta, presa na cintura com um cinto.


Conheça as partes da armadura Samurai

Sueate (protetor de cabeça)


Consistia em duas lâminas verticais presas por juntas ou correntes e, geralmente, alinhadas com tecido. Havia também lâminas de couro presas na parte interior que iam em contato com o estribo na cavalgada.



Haidate (protetor de coxas)

Era um tipo de avental com a parte inferior sobreposta de lâminas de metal ou couro.



Yugate (luvas)

 Eram feitas de pele animal que podiam ter um orifício na palma, que acreditava-se ser o olho de um porco selvagem. A mão direita deveria ser colocada antes da esquerda.



Kote (mangas)

Eram feitas de diversos materiais, como tecido, couro e lâminas de metal, e que serviam para proteger os antebraços e os punhos.



Do (protetor de abdômen)

Era feito de lâminas. Havia vários tipos de Do, alguns cobertos com placas de metal ou de bambu.



Kusazuri (tipo de saia)
 
Era feita de lâminas de metal que servia para proteger a virilha e as coxas e era presa a um cinto de couro e amarrado ao Do.



Uwa-Obi (cinto)

Era feito de linho e algodão que amarrava o Do.



Sode (protetor de ombros)

Feito de lâminas de metal. OSode e Chusode eram tipos maiores usados somente por importantes oficiais.



Hoate (máscara)

Variava muito de modelo, conforme o período. Um tipo específico de máscara ou viseira que cobria o nariz, o queixo e as bochechas era chamado de Mempo. Havia seis diferentes estilos, alguns tinham bigodes ou aparência demoníaca.



Kabuto (capacete)

Havia centenas de estilos diferentes de capacetes que variavam conforme o período. Eles simbolizavam o poder e status do Samurai e podiam ser adornados com chifres ou formas de monstros.